Ponço Afonso de Baião
Ponço Afonso de Baião | |
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Rico-homem/Senhor | |
Tenente régio | |
Reinado | |
Nascimento | Depois de 1185 |
Morte | junho de 1235 ou depois de 1237 |
Cônjuge | Mor Martins de Riba de Vizela |
Descendência | Pedro Ponces, tenens Estevainha Ponces Maria Ponces Sancha Ponces |
Dinastia | Baião |
Pai | Afonso Ermiges de Baião |
Mãe | Teresa Pires I de Bragança |
Religião | Catolicismo romano |
Brasão |
Ponço Afonso de Baião (Depois de 1185 - junho de 1235[1][2] ou depois de 1237[3]) foi um rico-homem do Reino de Portugal.
Primeiros anos
Nascido depois de 1185, Ponço Afonso era filho (provavelmente primogénito[1]) de Afonso Hermiges de Baião e da sua primeira esposa, . Ponço começa a surgir na documentação de corte em 1202, mais cedo que o seu irmão Lopo Afonso de Baião (que confirma documentação curial a partir de 1205[4]).
Terá casado, decerto depois de 1202, com Mor Martins de Riba de Vizela, uma rica-dona que havia sido barregã de Afonso II de Portugal. A escolha para esposa de uma antiga barregã régia parece confirmar a dedicação que demonstraria à corte, através de vários servilismos e talvez até adulações.
Entrada na corte
Em 1202, foram-lhe atribuídos cargos tenenciais em Penaguião e Godim[2], abdicando desta quando o irmão entra na corte, em 1205. Contudo, Ponço acumulou um grande número de outras tenências, o que comprova a presença regular na corte e a enorme influência, que soube adquirir, sem poder ilibar-se da suspeita de meios mais ortodoxos ou de graves abusos de administração[3].
Magnate povoador
Ponço aproveitou os seus cargos tenenciais para iniciar a sua obra povoadora, dando cartas de foro a várias vilas, como Saturninho, em março de 1226; Paredes, em 1232, e Sequeiros (perto de Penaguião), a julho de 1233. Foi também o fundador da povoação de Águas Belas, após ter extorquido as terras do lugar ao concelho de Sortelha. Esta vila deixá-la-ia à sua filha Estevainha.
O testamento de Sancho I e o conflito sucessório
Antecedentes: o testamento e a divergência nobiliárquica
Após a morte de Sancho I de Portugal, que nomeara como testamenteiros Gonçalo Mendes II de Sousa, Lourenço Soares de Ribadouro, Gonçalo Soares, Pedro Afonso de Ribadouro, e Martim Fernandes de Riba de Vizela (sogro de Ponço), o seu sucessor não se mostrou cooperante com o testamento deixado pelo pai, no qual teria de ceder terras às suas irmãs. Os executores teriam de fazer valer os direitos do rei no caso de o seu testamento não se cumprisse como o mesmo havia estipulado.
Os primeiros anos do reinado do sucessor, Afonso II de Portugal, foram marcados por violentos conflitos internos entre o rei e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Santa Sancha de Portugal, a quem Sancho legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse dos castelos de Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos. Ora, Afonso, tentando evitar a supremacia da influência dos nobres no seu governo, pretendia centralizar o seu poder, mas para isso incorria contra as irmãs e em último caso contra o testamento paterno. A maioria dos nobres, chefiados por Gonçalo Mendes II de Sousa, empenharam-se em fazer cumprir as últimas vontades o monarca anterior[5]. Contudo, uma parte da classe manteve-se, na verdade, na fação do rei. Para Ponço era importante manter-se do lado do sogro e não causar problemas junto do novo rei, pelo que, à semelhança de outros nobres das beiras, como Lourenço Soares de Ribadouro, manteve-se igualmente na fação do novo monarca.
O conflito
No ano seguinte, em 1212, Afonso II intimou as irmãs para que que lhe fizessem restituição das terras herdadas. Em respostas, as três infantas-rainhas, Teresa, Sancha e Mafalda, recolheram-se ao fortíssimo e quase inexpugnável castelo de Montemor-o-Velho, que era da primeira e estava guardado pelo cunhado de Lourenço, Gonçalo. As tropas reais, chefiadas por Martim Anes de Riba de Vizela, chegaram mesmo a combater as hostes das infantas, chefiadas pelo Sousão nos pântanos junto ao castelo[6].
Ponço, no entanto, teve necessidade de defender, embora pouco eficazmente, as terras fronteiriças que detinha contra as investidas leonesas que se deram nesses anos, na consequência do pedido de auxílio que a infanta Teresa fizera chegar a Afonso IX de Leão, o seu ex-marido[3].
Este conflito seria resolvido apenas com intervenção do Papa Inocêncio III; o rei indemnizaria as infantas com uma soma considerável de dinheiro, e a guarnição dos castelos foi confiada a cavaleiros templários, mas era o rei que exercia as funções soberanas sobre as terras e não as infantas. Porém os Sousas e os seus seguidores seriam renegados durante todo o reinado, e assim sendo saíram de Portugal, refugiando-se em outras cortes peninsulares.
Últimos anosː o reinado de Sancho II
Ponço conseguiu, desta forma, permanecer nas boas graças de Afonso II e conservar o seu antigo lugar na cúria régia e as boas graças do novo monarca[3].
A sua influência viria a aumentar com a morte de Afonso II, sendo que integrava o grupo de magnates que se encarregaram da tutela do pequeno Sancho II de Portugal, e da administração do País durante a sua menoridade[3]. Em 1223, confirma as concórdias e composições com o arcebispo de Braga e com as tias do novo monarca. Ainda participou em algumas campanhas de Sancho II contra os Mouros, a Sul[3]. Nesta concórdia encontram-se de novo magnates que se haviam exilado no reinado anterior, como Gonçalo Mendes II de Sousa.
Morte e posteridade
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Embora se saiba que faleceu provavelmente em junho de 1235, tese corroborada pelo facto de que data deste ano o último documento em que surge, poderá ser ainda ele o tenente de Lamego de 1237, o que prolongaria o seu período de vida em pelo menos mais dois anos[3]. Neste caso teria falecido pouco depois de 1237, decaído já da sua antiga influência, e não chegando a viver, desta forma, o perturbado período final do reinado daquele monarca.
Na literatura
Ponço parece ter sido alvo de uma cantiga de escárnio do trovador Pero Barroso[7].
O trovador parece ter criticado o seu suposto "mau aspeto" devido a uma suposta "falta de comida", tentando implicitar uma pobreza inerente a estas condições, o que poderia levaria a pensar num tal afastamento da corte que teria deixado de ter condições mínimas[8]. Contudo, a cantiga pode ser interpretada no sentido inverso, no sentido da ironiaː a cantiga contaria provavelmente que Ponço faleceu não por falta, mas por excesso de comida, não havendo, no entanto, dados mais concretos. Uma outra teoria defende que seria uma “indireta” não a Ponço, mas ao seu sobrinho também trovador, Afonso Lopes de Baião, provavelmente pelo apoio ao conde de Bolonha nas guerras que o opuseram a Sancho II de Portugal[8].
Casamento e descendência
Ponço Afonso desposou, em data incerta, Mor Martins de Riba de Vizela (m. depois de 1285[1]), filha de Martim Fernandes de Riba de Vizela e Estevainha Soares da Silva. O casal teve a seguinte descendênciaː
- Pedro Ponces de Baião (c.1210 – 28 de setembro de 1283[9] [10]), detentor de várias tenências. Desposou Sancha Rodrigues de Briteiros.
- Estevainha Ponces de Baião (c. 1210 - depois de 1275[2]), casou com Soeiro Pais de Valadares;
- Maria Ponces de Baião (c. 1210-?) casou por duas vezesː a primeira com Soeiro Gomes Facha, e a segunda com Rui Lopes Cocho;
- Sancha Ponces de Baião (c. 1210 - depois de 1286), casou com Rui Lopes de Mendonça;
Referências
- ↑ a b c Sottomayor-Pizarro 1997, p. 293.
- ↑ a b c Ventura 1992.
- ↑ a b c d e f g GEPB 1935-57, p. 395-96, vol. 22.
- ↑ Geralmente, na ordem dos confirmantes dos documentos, Ponço surge em primeiro lugar, sendo seguido de Lopo, corroborando assim a tese de que Ponço seria o mais velho. Contudo, Lopo poderá também ser o filho mais velho, tese corroborada pelo facto de Ponço aparecer primeiro na corte na consequência de uma tendência de afastamento dos secundogénitos das posses primordiais de família.
- ↑ GEPB 1935-57 vol.17, p. 889.
- ↑ GEPB 1935-57 vol.17, p. 889.
- ↑ Ponço Afonso de Baião
- ↑ a b Moir'eu aqui d'adessoriam
- ↑ Ventura 1992, p. 599.
- ↑ Sottomayor-Pizarro 1997, p. 294.
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- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa. vol. 16-pg. 887.
- D. António Caetano de Sousa, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Atlântida-Livraria Editora, Lda, 2ª Edição, Coimbra, 1946, Tomo XII-P-pg. 147
- Sottomayor-Pizarro, José Augusto (1997). Linhagens Medievais Portuguesas: Genealogias e Estratégias (1279-1325). I. Porto: Universidade do Porto
- Manuel José da Costa Felgueiras Gayo, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. X-pg. 322 (Sousas).
- Ventura, Leontina (1992). A nobreza de corte de Afonso III. II. Coimbra: Universidade de Coimbra